Moradores de fila....


Na fila andam os esquecidos
Na fila andam linearmente
Na fila andam sem sentir os pés indo
Na fila eles sentem o mesmo odor
Na fila eles possuem as mesmas roupas
Na fila eles caminham sem saber que vão...
Em vão ? Na fila andam, tropeçam, não sentem
O fôlego de vida ? O charuto da maconha tragou
O crack fumou a vida dos que andam na fila
.
Eles merecem ! Eles tem o que procuraram !
Eles tiveram escolhas ! Eles disseram sim pra isso, que sofram !
É isso mesmo, põe eles nessa fila !!!
Eles que se #$#$#$$## !!!
.
Nem imaginam que nem sempre é assim
Eles tiveram traumas e não souberam dizer não
Não souberam ter outra fuga
Lhes foram mostradas as portas largas pra "felicidade"
Pra esquecer a dor na alma
Existíam outras portas ? Sim, claro, e existem
Mas são só humanos, que erram e escolheram a porta errada
A fuga errada, os meios errados, e só se deram conta
Quando estavam em prisões e não mais em "fugas"
.
Na fila andam
Na fila eles dormem
Na fila eles não choram mais, secou...secou...
Na fila não dormem, porque não dá sono
Queriam dormir, mas a química secou eles por dentro
Na fila andam
E muitos só desejam a própria morte
Porque não encontraram a vida em vida
.
São só moradores de fila
Que não tem um abrigo pra se curarem
Não tem dinheiro nem pra comer, não sentem fome
A "fuga" tirou deles até a vontade de comer
É caro em cifras e em sangue
A libertação desses que andam em fila....
.
Que se #$#$#$#$ !
A escolha de olhar com misericórdia ou não
É outra porta, que ou se escolhe
ou se entra e estende a mão...
.
Que se ......
Libertem !!!

Comentários

Nade T. disse…
Que poema!
Ontem, no jornal do almoço aqui de Porto Alegre, passou uma reportagem sobre as filas que amanhecem na frente dos postos de sáude...
De tudo acontece, até o que nem imaginamos...
Cada imagem, cada história real...
Dói...
Só que também existem as outras filas da vida, que estamos presentes. E nessas, fazemos história, plantamos sementes, dividimos experiências...
Belo post!
Bjs e bom dia!
E obrigada pelas palavras carinhosas com que escreveste em meu blog, viu!
Ester disse…
Oi amiga linda!!

Fiquei impressionadíssima com a realidade nua e crua desse texto!

Já li e reli várias vezes e cada vez que volto descubro um novo ponto a ser refletido,

um belíssimo texto de inclusão social,

vc tem uma alma desenvolvida em vantagem, acima da média,

bjs,
Saara Senna disse…
Olá!

Adorei o estilo do poema.
Bem realista... infelizmente, as filas da vida continuam.

Um beijo grande e ótimo feriado :)
Anônimo disse…
Oi Lindona!!
Estou bem sim querida so um pouco corrida no serviço estes dias.
Quanto ao seu texto de hoje , simplesmente lhe digo que é a mais pura , dura e muitas vezes triste realidade.
Algumas pessoas que se perdem em vicíos ou coisas do genêro , realmente tinham outras portas , mais outras até mesmo por desestrutura familiar e precariedade de vida se utilizam de entorpecentes, bebidas e etc para fijirem da realidade.
Quanto a ajudar?
Bem penso da seguinte maneira:
Sim podemos ajudar sim, so que a outra parte tambem precisa querer ser ajudada e é isso que complica muitas vezes o fator "Ajuda".
Bem é isso!!

Beijos Querida!!
Christi... disse…
Esse querer é fundamental, e se fosse regra, seria o sonho de todo aquele que cuida de dependentes...
Mas em alguns casos há necessidade de intervenção familiar, porque a pessoa perde a "noção" de tudo, até do que se quer...

Nesse caso, falo daqueles que não tem a família pra ajudar, e dependem de órgãos do governo, que praticamente é inexistente, centros de ajuda á essas pessoas, e essa é uma realidade dura e crua.

Muitos querem sair, mas sem alguns medicamentos paleativos, fica quase impossível sair dessa situação.
Vanessa Anacleto disse…
Este é um comentário convite.
Como vc participou da coletiva O livro da minha vida, estou convidando para mais um evento sobre literatura em 18 de abril no Fio de Ariadne.
Visite o Fio amanhã, 08 de abril e, caso se identifique com a ideia, coloque seu nome na lista e concorra a um livro da Jorge Zahar Editor.

Abraço
Olá,

Que se libertem. Só assim deixará de haver filas...

Beijos
Chris,

Belíssimo recado em poesia.
Que se libertem esses "moradores de fila",numa soma de quereres.
Em temas assim,sempre me vem à mente uma fase do filósofo e escritor Jean Paul Sartre:
"Não importa o que fizeram do homem.Importa o que ele faz com o que fizeram dele."

Que possamos compreender a dor dos "moradores de fila" e tentar contribuir para ajudá-los a sair da fila.

Obrigado pelo seu carinho,Chris.A sua amizade,o seu carinho e o seu afeto são,também,ar para mim.
Uma linda noite.
Beijos carinhosos.
. disse…
Passando para desejar uma ótima quarta..
Ainda não estou podendo ler os blogs amigos
Minha conexão aqui é ruim...mas volto para ler
Com mais atenção..
Beijão

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