Querido amigo Drummond...


Corpo


A Hora Do Cansaço

Carlos Drummond de Andrade - Corpo - 1985


As coisas que amamos, as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
No limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca, dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

....................................................

Nesta "viagem" diária pelos poemas do Drummond, O que poderíamos falar sobre o poema "A Hora Do Cansaço" ? Que é bonito e triste? Sim.

Mas se é bonito e triste, também é verdadeiro.

Que faz pensar?

Claro que faz.

Qualquer poema faz.

E este faz pensar nos relacionamentos, sejam de amor ou de amizade.

Pensar o quanto queremos que algo dure para sempre, mas como quase nunca conseguimos isso. Ele está aí para ser lido, degustado e pensado por cada um.

Amantes de Drummond, degustemos sua obra.

Bjs

Chris

Comentários

Olá Cris!

Tentei entrar no seu blog CRIS...para agradecer sua visita ao meu espaço,e fui barrada,quer dizer não tive permissão, ai entrei nesse para te agradecer, obrigada volte sempre,serás bem vinda.

beijooo.
Átila Siqueira. disse…
Um ótimo poema de Drumond. Muito bem selecionado. Eu dou os parabéns pela escolha, que foi ótima.

Realmente, sofremos hoje em dia do fim dessa utopia do eterno, e que é algo que rasga nossas almas, e que gera essa terrível crise na pós modernidade, chamada crise de identidade. E como Drumond era um poeta que já partilhava desse momento histórico social, logo, ele fala disso com maestria.

Hoje, vivemos entre o eterno e o efêmero, de forma muito conflitiva. E a transitividade da vida é muitas vezes buscada, mas no mais das vezes encarada com dor e sofrimento, que se tenta disfarçar em uma idéia de liberdade que já não funciona. E ai vivemos na corda bamba.

É disso que Drumond fala, dessa transitividade que para o nosso tempo é avassaladora.

Adorei seu post Cris, muito bom vim aqui ler coisas lindas. Muito obrigado pela visita no meu blog. Volte sempre, está convidada, tá?

Um grande abraço,
Átila Siqueira.
Anônimo disse…
Cris,
Já tinha tentado entrar no seu outro blog e só hoje vi esse endereço aqui, pode? Deve ser a idade...hahaha

Querida, obrigada pela visita e o comentário, o assunto é realmente sério.

Sobre teu post. Adoro poesia e Drummond é o verso em pessoa. Linda poesia!

Um beijo e ótimo dia!
Anônimo disse…
Aprendi muito

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